A FAMÍLIA JOCHEM NO SUDOESTE DO PARANÁ |
Por Laudelino JOCHEM
Pinhais-PR
Terezinha JOCHEM Catâneo
Planalto-PR
O Sudoeste e Oeste do Estado do Paraná, principalmente os municípios de Pato Branco, Francisco Beltrão, Realeza, Ampere, Santa Izabel do Oeste, Planalto, Capanema, Cascavel, Cafelândia e outros foram colonizados por imigrantes ou descendentes de imigrantes, principalmente por alemães e italianos.
Por volta do ano de 1950 as principais cidades eram Pato Branco, Francisco Beltrão e Cascavel, localidades como Planalto e Capanema eram formadas por pouquíssimos habitantes.
O acesso, as localidades de Planalto e Capanema, era realizado por picadas abertas para serem trafegadas por animais como cavalos e bois.
A região onde se localiza o Município de Planalto começou a ser efetivamente ocupada a partir da década de 40, por colonos gaúchos e catarinenses. Localizado na divisa com a Argentina, conta hoje com uma população aproximada de 15.000 habitantes, tornando-se município no ano de 1963, sendo na ocasião, desmembrado do município de Capanema.
No ano de 1953, de maneira paulatina, inicia-se o processo de migração das famílias de, (João Pedro JOCHEM c/c Escolástica Uliana JOCHEM), (Jacó JOCHEM c/c Augusta Uliana JOCHEM), (Francisco JOCHEM c/c Matilde Becker JOCHEM), (Mathias JOCHEM c/c Rainilda JOCHEM), (Simão JOCHEM c/c Ágata Waterkemper JOCHEM), (Ana JOCHEM c/c Augusto Becker) e (Liduina JOCHEM c/c Clemente Egger), descendentes do Imigrante alemão PEDRO JOCHEM, originários de Águas Negras, hoje município de Ituporanga/SC, Dona Luíza, hoje município de Atalanta e regiões vizinhas. Um pouco mais tarde, também migraram (Clemente JOCHEM c/c Alvina Lehmkuhl JOCHEM) e (Pedro JOCHEM c/c Amália Becker JOCHEM).
Diante das poucas perspectivas futuras nas terras de origem, venderam seus poucos pertences e migraram para o sudoeste do Estado do Paraná. Tudo que sabiam sobre a terra prometida, era o comentário de algumas pessoas que haviam realizado visitas em anos anteriores. O grupo de migrantes, era formado por pequenos agricultores, a maioria não alfabetizada, que levavam vida sofrida no Alto Vale do Itajaí, Estado de Santa Catarina.
Estradas ruins e pouco transitáveis, utilizando-se como meio de transporte o caminhão seguiram viagem. Após vários dias na estrada, chegaram a Francisco Beltrão. Nem todos os migrantes foram diretos para aquela localidade, algumas famílias, como de (Mathias JOCHEM c/c Rainilda JOCHEM) e (Simão JOCHEM c/c Ágata Waterkemper JOCHEM) tomaram inicialmente rumo aos Campos Gerais vindo se estabelecer na região de Pitanga/Pr e outros como (João Pedro JOCHEM c/c Escolástica Uliana JOCHEM) e (Ana JOCHEM c/c Augusto Becker) foram se estabelecer precariamente na cidade de Francisco Beltrão/Pr, onde permaneceram pelo período aproximado de 01 ano. Para chegar a Planalto ainda restavam cerca de 100 Km, porém não haviam estradas transitáveis, o percurso era realizado na monta de animais. Decidiram, então, permanecer nas margem do Rio Marrecas, município de Francisco Beltrão, para fazer melhor levantamento da região onde pretendiam se instalar.
Uma equipe da FAMÍLIA JOCHEM se deslocou até a localidade de Planalto com o objetivo de construir casas que pudessem receber todos os membros da família. Chegando ao lugar denominado Planalto dirigiram-se mato a dentro, lado direito do caminho que levava até Capanema, cerca de uns 05 quilômetros e, lá, decidiram erguer as primeiras casas com o objetivo de abrigar suas famílias.
A CONSTRUÇÃO DAS PRIMEIRAS CASAS |
Tudo era muito simples, abria-se uma clareira no meio da mata, derrubando alguns troncos e ali iniciava-se a construção com madeiras brutas as quais eram unidas entre si com amarrações de cipós e geralmente cobertas com fragmentos de tábuas que eram, ali mesmo, lascadas ou até mesmo de sapé.
Tem-se registro de algumas construções que eram revestidas de barro, porém, estas eram de pouca durabilidade uma vez que a terra vermelha ali encontrada não se adequava para tal fim.
Em poucos dias, em sistema de mutirão, foi possível erguer algumas pequenas moradias que estavam prontas para acolher seus hóspedes.
Para chegar até Planalto foi extremamente complicado e difícil, sendo as mudanças conduzidas no lombo de animais, era o ano de 1954. O pior ainda estava por vir: era necessário tomar posse da terra, impedir que jagunços a invadissem e tirar dela o sustento da família. As terras, nesse período, pertenciam a Companhia Paranaense de Colonização, a qual estava encarregada de disciplinar e ditar as regras para a colonização.
Os membros da FAMÍLIA JOCHEM que ali se estabeleceram, tiveram, e não por poucas vezes, pegar em armas, para juntos enfrentar as resistências do quotidiano, para desta forma manterem vivas as esperanças de um dia conquistarem um pedaço de chão.
Neste contexto a FAMÍLIA JOCHEM une-se a outras famílias ali existentes como a Família PIVA e CATÂNEO, para assim, tornarem-se cada vez mais fortalecidos em seus objetivos e ideais.
O sonho da terra fértil e produtiva, estava próximo. O solo vermelho, ausente de areia, formava um barro pegajoso jamais visto em outros lugares pelo membros da FAMÍLIA JOCHEM. Mais tarde iniciou-se o processo de legalização e demarcação das terras, tornando-se assim proprietários de direito de algo que já havia sido conquistado de fato a algum tempo.
O perfil das propriedades pleiteadas pelos colonizadores era o minifúndio, pequenas propriedades, geralmente somando uma ou duas colônias, algo em torno de 10 a 20 alqueires. Não existia a preocupação de agrupar grandes áreas de terras, até porquê, além do ônus inicial para aquisição, existia a dificuldade de mantê-la, tendo em vista as constantes invasões provocadas por pessoas estranhas.
Era mais que uma aventura, era um caminho sem volta, pois quando ali chegaram não disponibilizavam sobras de recursos suficientes para retornar se assim desejassem: era tudo ou nada. A união e o espírito de solidariedade marcou para sempre o coração daqueles desbravadores.
A alimentação era inicialmente suprida através da caça e pesca e aos poucos através do cultivo de grãos. As primeiras sementes para iniciar o cultivo de milho, feijão e outros do gênero, os migrantes, trouxeram das terras de origem.
Nos primeiros anos, as adversidades do clima e do tempo impediram colheitas fartas; existiam dificuldades até para alimentar a economia de subsistência.
Impregnados pelo espírito religioso, ergueram uma capela, construída nos mesmos moldes das primeiras casas, e ali reuniam-se semanalmente, para no silêncio da mata, dirigir a Deus suas preces, louvores e agradecimentos. As cerimônias dominicais eram geralmente presididas pela Escolástica Uliana JOCHEM, que com voz firme e forme decifrava cada mistério do sofrimento de Jesus Cristo através da reza do terço juntamente com os demais participantes. A participação era maciça, quando alguém faltava ao culto logo se questionava se estava doente.
A fé popular foi o elo de ligação entre as famílias; nela encontravam forças para recomeçar a cada amanhecer. Na alegria, na tristeza, na saúde e na doença a esperança estava em Deus. Fervorosos na fé pediam ao Senhor a proteção contra as doenças e os perigos que o dia a dia reservava.
A primeira missa foi celebrada no dia 12 de Março de 1956.
Com o advento de novas famílias, geralmente com muitos filhos, era necessário educá-los e alfabetizá-los. Destacaram-se como primeiras educadoras as professoras Escolástica Uliana JOCHEM e sua filha Terezinha JOCHEM Catâneo; quase, sem exceção, todos os filhos dos descendentes da FAMÍLIA JOCHEM rendem graças a estas verdadeiras heroínas pelo aprendizado da fantástica arte de ler e escrever. Tudo pelo mérito das duas educadoras, que mesmo sem conhecer qualquer método pedagógico sistematizado, alfabetizavam e educavam da melhor maneira possível. A luz da fé e da vontade todos os alunos, com suas limitações, aprenderam as primeiras letras do alfabeto. Trabalho este que sem sombra de dúvidas é digno de louvor, respeito e consideração.
Passados aproximadamente 20 anos chegou-se ao auge do número de parentes residentes na comunidade de Santa Luzia, no município de Planalto; ali se encontravam mais de uma centena de membros da Família JOCHEM.
As famílias numerosas viram-se, novamente, diante de um impasse: a falta de terras. Isso impulsionou muitos a procurar novos caminhos e outros lugares; desta vez, migraram para estados como Rondônia, Mato Grosso, e outras localidades, buscando garantir melhores dias para si e seus descendentes. Nessa década muitos jovens, ainda solteiros, partem para grandes centros urbanos buscando dar seqüência nos estudos visando uma formação profissional.
SANTA LUZIA E O ÊXODO DA FAMÍLIA JOCHEM |
Com o processo de modernização da agricultura nos anos 70 e 80, e a expansão da indústria no Brasil, provocando o êxodo rural, alterou os rumos dos membros da FAMÍLIA JOCHEM no Sudoeste do Paraná. Momentos de indecisão: permanecer naquela região, ir em busca de novas terras, ou partir para grandes centros urbanos.
O processo ideológico apresentado pelos meios de comunicação social e a realidade vivida no campo foram mais fortes: inicia-se o processo de dispersão.
Os rumos foram os mais diversos: Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia, São Paulo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Acre, Pará, Goiás, outros estados e em diversos municípios do estado do Paraná. Como exemplos é possível citar a migração de Osvaldo JOCHEM e família, Clemente JOCHEM e família, Jacó JOCHEM e família, Gabriel JOCHEM e família, Rafael JOCHEM e família, Belmiro JOCHEM e família, Arlindo JOCHEM e família, Irineu JOCHEM e família, Vilmar JOCHEM e família, Valdir JOCHEM e família entre outras.
Outros partem isoladamente, geralmente solteiros, que vão em busca de algo mais. Estes, por sua vez, estabeleceram-se em grandes centros, onde seria possível conciliar trabalho e estudo; muitos deles frutos do trabalho vocacional aguerrido realizado pelas congregações religiosas estabelecidas naquela região. Os seminários de diversas congregações: Maristas, Palotinos, Missionários do Sagrado Coração de Jesus, Lassalistas, acolheram generosamente os filhos dos desbravadores. Nenhum, porém, chegou a ser ordenado sacerdote; aos poucos cada um foi descobrindo sua verdadeira vocação. As vozes dos filhos da FAMÍLIA JOCHEM de SANTA LUZIA hoje ecoam em diversos estados do Brasil.
Na atualidade, o Sudoeste e Oeste do Paraná, em especial os municípios de Planalto, Capanema, Cafelândia, Cascavel, Pato Branco, Francisco Beltrão, Realeza, Dois Vizinhos entre outros acolhem membros da FAMÍLIA JOCHEM.
Após as diversas transformações ocorridas no cenário familiar a localidade de Santa Luzia, em Planalto, registra a presença de diversos membros da FAMÍLIA JOCHEM. A título ilustrativo é possível citar as famílias de: Mathias JOCHEM, Simão JOCHEM, Teobaldo JOCHEM, Tomás JOCHEM, Vilibaldo JOCHEM, Gaspar JOCHEM, Lauro JOCHEM, Terezinha JOCHEM Catâneo, Olívia JOCHEM Piva e outros.
Humilde e em menor número que nos anos 70, porém acolhedora, a comunidade mantêm-se com base na agricultura familiar de subsistência. Não ocorreram mudanças substanciais nas realidades sócio-econômicas.
A localidade é roteiro obrigatório de visita dos que dali partiram; muitos são os motivos: rever parentes, amigos e até mesmo entes queridos sepultados no cemitério local. Para aqueles que ali nasceram, cresceram e um dia partiram para outras localidades, quando retornam a emoção é grande, quase que indescritível, é puro sentimento.
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