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COLÔNIA SÃO PEDRO DE ALCÂNTARA - SC

 

Vista de São Pedro de Alcântara

          Nas múltiplas atividades cotidianas, quando circulamos em alguns dos municípios catarinenses ou quando nos deparamos com suas peculiaridades determinadas pelas florestas, montanhas, rios, nem sempre nos damos conta que estamos numa região geográfica cujo traço mais marcante é a sua pluralidade étnica, responsável pela composição do perfil cultural eclético e multifacetado do estado de Santa Catarina. Ao longo de sua história, passando pelos açorianos, tropeiros que levavam gado do sul para São Paulo, africanos, imigrantes alemães e italianos que ocuparam os vales litorâneos, colonos gaúchos que se instaram no Oeste e Meio-oeste e por poloneses, ucranianos, tiroleses, árabes, gregos, belgas, franceses, suíços..., formou-se um mosaico cultural extremamente diversificado, somente encontrado em poucos estados brasileiros. E nessa composição cultural, a contribuição da etnia alemã está completando 175 anos de presença efetiva no estado de Santa Catarina. Seu início se deu em 1829, a 1º de março, com a fundação da colônia São Pedro de Alcântara. Localizada na região da grande Florianópolis e emancipada político-administrativamente em 1994, seu desenvolvimento pode ser dividido em quatro fases históricas.


PRIMEIRA FASE - CHEGADA AO PORTO DE DESTERRO

          Em novembro de 1828, respectivamente, dias 07 e 12, após longa travessia do Atlântico e passagem pelo Rio de Janeiro, então capital imperial, chegaram à cidade do Desterro - hoje Florianópolis - o brigue "Luíza" e o bergantim "Marques de Viana". Estes veleiros traziam a bordo 635 imigrantes, entre agricultores, artesãos e soldados, em sua maioria provenientes da Região do Rio Mosela (Hunsrück e Eifel), hoje estado da Renânia - Palatinado, na Alemanha.


SEGUNDA FASE - A FUNDAÇÃO DA COLÔNIA

          O Major de Milícias Silvestre José dos Passos, por determinação do Presidente da Província, Francisco de Albuquerque Mello, funda, em primeiro de março de 1829, em plena mata virgem e habitat indígena, a "Colônia dos Alemães", posteriormente denominada São Pedro de Alcântara, em homenagem à Família Imperial reinante. Sua fundação ocorreu às margens do Caminho - de - Tropas, com aproximadamente 60 imigrantes.


TERCEIRA FASE - CONSTITUIÇÃO DO NÚCLEO COLONIAL

          A Colônia São Pedro de Alcântara recebeu, a partir de março de 1829, sucessivas levas de imigrantes, sendo que a maioria professava a religião católica. Estes, após desbravarem a mata virgem e construírem suas casas, articularam a construção da capela de Santa Bárbara e, posteriormente, mais ao sul, às margens do Rio Maruim, a organização de um pequeno núcleo colonial: a célula-mater da cidade de São Pedro de Alcântara.


QUARTA FASE - EMANCIPAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA

          Com o conseqüente desenvolvimento do núcleo colonial, este foi elevado à Freguesia e à Paróquia, mediante Lei Provincial n. 194, de 13 de abril de 1844, sendo a autonomia político-administrativa de São Pedro de Alcântara reconhecida e consagrada pela Lei Estadual n. 9.534, de 16 de abril de 1994, colocando a primeira colônia alemã fundada no estado de Santa Catarina na categoria de Município.

          Passados 175 anos (1829-2004) da fundação da Colônia São Pedro de Alcântara (depois seguida de outras: Santa Isabel, Piedade, Leopoldina, Blumenau, Joinville, Brusque, Teresópolis etc...), evidencia-se a importância da contribuição dos imigrantes para o desenvolvimento catarinense, principalmente no que diz respeito à composição de seu perfil sócio-cultural. As Festas de Outubro em termos de marketing, aparecem como uma das marcas registradas de Santa Catarina. Mas os imigrantes nos legaram mais: a vocação para o trabalho, o espírito empreendedor, a persistência e a capacidade de superar percalços. Mas há também o sotaque característico, as tradições folclóricas, a culinária condimentada, o enxaimel, o apreço pelas artes e o apego a valores familiares. Que estas peculiaridades, quase bicentenárias em terras catarinenses, sirvam para estimularmos o exercício da cidadania e para construirmos uma Santa Catarina e um Brasil mais justo, onde, sobretudo, seja assegurada, de fato e de direito, a soberania e os valores inalienáveis da vida humana.

Toni Vidal JOCHEM

 

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